quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O que importa

plena


Que palavra surgiu perto de mim,
Que grito nasce numa boca ausente?
Mal posso ouvir o grito contra mim,
Mal sinto o hálito que me nomeia.
No entanto o grito em mim vem de mim mesmo,
Estou murado em minha extravagância.
Que voz divina ou que estranha voz
Consentira habitar o meu silencio?
Yves Bonnefoy

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Então é natal

Avenida Paulista

Avenida Paulista

Conjunto Nacional (Paulista)

Shopping Tatuapé

Um expresso no Fran's Café ... Porque eu mereço!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Aniversário...

  O tempo (Mário Quintana)

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Amor



A fome não é exigente: basta contentá-la; como, não importa. (Sêneca)


Um instante


Uma folha caindo é ilha cercada de vento por tudo quanto é lado. Até a lágrima é ilha, deslizando no oceano da cara. (Oswaldo Montenegro -  Verde)

O que há








...
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

O Que Há (Álvaro de Campos)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Alma


“As idéias para mim são como nozes, e até hoje  não descobri melhor processo para saber o que está dentro  de uma e outras – senão quebrá-las.” (Machado de Assis)


sábado, 26 de novembro de 2011

Grito

Dentro de mim há um lugar onde vivo sozinha,
e é ali que se renovam as fontes que nunca secam.
(Pearl S. Burck)



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Gonzaguinha

                                                                      Simples saudade - Gonzaguinha
A saudade que eu sinto
Não é saudade da dor de chorar
Não é saudade da cor do passado
Que deixe grudado meu pé no chão
Não é a tristeza que queima o peito
Não é lamentar o que nunca foi feito
Não é a doença que acaba com a gente
Deixando esmagada a vida no chão
É a estranha saudade do que ainda não vivi
É a raça e o sangue de um simples moleque
Que leva na ponta da língua a todos os cantos
O sal e o doce da palma da mão
É a garra e a alegria de um simples menino
que acredita nas pessoas e no futuro
que seja fruto da força imensa de nossos corações





E a saudade do que Gonzaguinha escrevia bateu forte hoje.

domingo, 13 de novembro de 2011

Aproveitar o tempo

Apostila (Álvaro de Campos (11-4-1928))

Aproveitar o tempo!
Mas o que é o tempo, que eu o aproveite?
Aproveitar o tempo!
Nenhum dia sem linha...
O trabalho honesto e superior...
O trabalho à Virgílio, à Mílton...
Mas é tão difícil ser honesto ou superior!
É tão pouco provável ser Milton ou ser Virgílio!
Aproveitar o tempo!
Tirar da alma os bocados precisos - nem mais nem menos -
Para com eles juntar os cubos ajustados
Que fazem gravuras certas na história
(E estão certas também do lado de baixo que se não vê)...
Pôr as sensações em castelo de cartas, pobre China dos serões,
E os pensamentos em dominó, igual contra igual,
E a vontade em carambola difícil.
Imagens de jogos ou de paciências ou de passatempos -
Imagens da vida, imagens das vidas. Imagens da Vida.
Verbalismo...
Sim, verbalismo...
Aproveitar o tempo!
Não ter um minuto que o exame de consciência desconheça...
Não ter um acto indefinido nem factício...
Não ter um movimento desconforme com propósitos...
Boas maneiras da alma...
Elegância de persistir...
Aproveitar o tempo!
Meu coração está cansado como mendigo verdadeiro.
Meu cérebro está pronto como um fardo posto ao canto.
Meu canto (verbalismo!) está tal como está e é triste.
Aproveitar o tempo!
Desde que comecei a escrever passaram cinco minutos.
Aproveitei-os ou não?
Se não sei se os aproveitei, que saberei de outros minutos?!
(Passageira que viajaras tantas vezes no mesmo compartimento comigo
No comboio suburbano,
Chegaste a interessar-te por mim?
Aproveitei o tempo olhando para ti?
Qual foi o ritmo do nosso sossego no comboio andante?
Qual foi o entendimento que não chegámos a ter?
Qual foi a vida que houve nisto? Que foi isto a vida?)
Aproveitar o tempo!
Ah, deixem-me não aproveitar nada!
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!...
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras,
O pião do garoto, que vai a parar,
E oscila, no mesmo movimento que o da alma,
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A música

...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro..
(Somos Todos Iguais Nesta Noite - Ivan Lins)

Mal necessário



Mal Necessário (Ney Matogrosso)
Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou a mesa e as cadeiras deste cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
Nos bares, nas camas, nos lares, na lama
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem

Silêncio e Som...



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Tente

“Em minha busca de respostas para a pergunta da vida, senti-me exatamente como um homem perdido em uma floresta.” (Leon Tolstoi)

Verdade

“Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos.” (Charles Chaplin)

silêncio




Música de Câmara (James Joyce)
Poema XV

Dos sonhos mais calmos, minha alma, aparece,
Do profundo sono e da morte,
As árvores estão apinhadas de suspiros
De quem folhas da manhã anunciam.
Para o leste este amanhecer lento aparece
onde fogos suaves ardem e surgem,
fazendo-se luzir em todas nuances
entre o cinzento e o suave dourado.
Enquanto doce, suave, secreto,
são tangidos os sinos floridos da manhã
E os sábios coros das fadas
Começam (indescritíveis!) a serem escutados.

Pressagio



"Tudo é ilusão. Sonhar é sabê-lo." (Fernando Pessoa )


Busca








"Eu não tenho paredes.
Só tenho horizontes..."
Mário Quintana.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sem título

Rosto com dois perfis (Lya Luft)

Renuncio às palavras
e às explicações.
Ando pelos contornos,
onde todos os significados
são sutis, são mortais.

Não quero perder o momento
belo. Quero vivê-lo mais,
com a intensidade que exige a vida:
desgarramento e fulguração.

Então me corto ao meio e me solto
de mim:
a que se prende e a que voa,
a que vive e a que se inventa.
Duplo coração:
a que se contempla e a que nunca
se entende,
a que viaja sem saber se chega
- mas não desiste jamais.

O Haver

O Haver (Vinícius de Moraes)

... Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

domingo, 30 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Indo além...

“Vai demorar para me transformar em quem quero ser, e devo ter paciência. Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu coloquei” (Charlie Chaplin)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Paz

“Eu me doo porque me perdoo. Quando era jovem e tola, eu queria tudo para mim, achava que o mundo era meu e que eu podia usufruir dele sem pedir e nem agradecer. Agora que sou muito mais velha e um pouco mais sábia, entendi que nada me pertence de verdade, nem a vida que passa num instante, nem meus filhos, que apenas vieram através de mim, e muito menos as coisas, que são apenas matéria, e continuarão sendo, mesmo quando eu deixar de ser. Depois de uma vida dedicada às tolices, decidi perdoar-me por ser tola e dar-me a chance de ser generosa, assim eu terei a única coisa que pode me pertencer: minha própria paz.” (Eugênio Mussak - Preciso dizer o que sinto)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Infância

O melhor de minha infância foi ter minha irmã ao meu lado, e continua sendo. (RL)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Quando estou só

Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Prosseguir

(...) E que é preciso, mais que nunca... Prosseguir! – (Diga lá, coração - Gonzaguinha)

É

É (Gonzaguinha)
É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...
É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...
É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...
É! É! É! É! É! É! É!...

sábado, 17 de setembro de 2011

Nada



Nada (TKM)

Nada supera a razão
Nem a alma, nem o coração.
Nada supera um sentimento
nem o que vejo, nem o que invento.
Nada supera a alegria
nem a flor, nem a poesia.
Nada supera a dor
nem o riso, nem o amor.
Nada supera a saudade
nem o fogo, nem a tempestade.
Nada iguala um amigo
nem o que penso, nem o que digo.

*Vocês podem ler esse poema de 3 maneiras:
A-Exatamente como está escrito.
B-Trocando a palavra supera por iguala e vice-versa.
C-Colocando supera após cada palavra nem.
*Muito bacana!!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Infância

Lutei para escapar da infância o mais cedo possível. E assim que consegui, voltei correndo pra ela." (Orson Welles)

Pausa

“Esperar também é ação. E pausa, é tempo” (Fogo)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira

Descobrimos, decerto, que não conhecemos o papel; procuramos um espelho, gostaríamos de tirar a maquiagem e aquilo que é falso e sermos verdadeiros. Mas em algum ponto, uma peça de roupa que esquecemos ainda fica presa em nós. Um traço de exagero permanece em nossas sobrancelhas, e não percebemos que os cantos de nossa boca estão tortos. E assim andamos por aí, uma zombaria e uma coisa pela metade: nem reais nem atores." (Rainer Maria Rilke)

sábado, 10 de setembro de 2011

Saudade

Discurso

Discurso (Cecília Meireles)

E aqui estou, cantando.
Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.
Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.
Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.
Pois aqui estou, cantando.
Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?
Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?