O jardim (H. P. Lovecraft)
Existe
um jardim antigo com o qual às vezes sonho,
sobre
o qual o sol de maio despeja um brilho tristonho;
onde
as flores mais vistosas perderam a cor, secaram;
e as
paredes e as colunas são idéias que passaram.
Crescem
heras de entre as fendas, e o matagal desgrenhado
sufoca
a pérgula, e o tanque foi pelo musgo tomado.
Pelas
áleas silenciosas vê-se a erva esparsa brotar,
e o
odor mofado de coisas mortas se derrama no ar.
Não há
nenhuma criatura viva no espaço ao redor,
e
entre a quietude das cercas não se ouve qualquer rumor.
E,
enquanto ando, observo, escuto, uma ânsia às vezes me invade
de
saber quando é que vi tal jardim numa outra idade.
A
visão de dias idos em mim ressurge e demora,
quando
olho as cenas cinzentas que sinto ter visto outrora.
E, de
tristeza, estremeço ao ver que essas flores são
minhas
esperanças murchas – e o jardim, meu coração.
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